domingo, 10 de maio de 2015

Quase


            Quase sobreviver, quase morrer, quase cair, quase passar, quase ganhar, quase perder. Conheço e já ouvi muitos "quases" durante minha vida, e sempre que essa palavra é citada em alguma história contada por amigos, escritores ou meus pais, sempre sentia a emoção dessa palavra, ela é tão tocante... quando as pessoas usam a palavra “quase” eu fico pensando na frase que ela disse por minutos, posso até me desligar do assunto para pensar na frase que a pessoa usou o “quase”, ou ficar superligada para saber o que ela fez para impedir um “quase negativo” ou um “quase positivo”, para mim o “quase positivo" seria: “Quase tirei mais B do que A”, e "o negativo": “ Quase passei de ano…”, por exemplo.
            Na maioria das vezes penso: “Nossa… foi quasequase!” Que palavra tocante! Quase, por um triz, raspando, por pouco, são expressões que me deixam muito curiosa no assunto, pois sempre penso: “Mas que coisa! Foi quase que essa pessoa sobrevive… foi quase!" (pois se não tivesse sido quase ela teria sobrevivido, ou “Ah mais que raiva! Foi quase que tiro A nessa questão, mas errei uma maldita palavrinha que poderia não ter errado! É… foi quase…”

Essa palavra sempre me leva a aflição, porque poderia sempre acontecer com ela algo bom, mas depois do quase sempre existe o glorioso ou maldito “mas”, e sempre estará nesse por um triz que a palavra passa na frase da pessoa, ou seja, o quase nunca será realmente uma coisa concreta, sempre vamos usar o quase quando estivermos falando de uma coisa boa ou ruim que não aconteceu, isso sempre me deixa pensativa! Essa palavra quase me deixa totalmente desligada do mundo quando ela aparece, alias quase não acabo de escrever essa crônica por tanto pensar nesse quase, ou melhor, em todos os quases; ou será que foram quase todos os quases?

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Notada


Ser notada. Não, não é ser notada por qualquer um, é ser notada por adultos que conhecem melhor o mundo do ensino e que compartilham essa sabedoria com nós, alunos. Alunos, “luno” vem de luz e o “a”  significa que não tem luz, ou seja esses adultos passam luz para os alunos. Sinceramente não gosto muito desse termo só de entrarmos nesse mundo, para aprendermos, já somos visto como algo menor do que possamos ser. Mas querendo ou não, esse nome fica com nós todos os anos que estudamos e nos comprometermos com esses adultos que carregam nossa futura luz, bizarro; afinal quando é que a gente vai receber essa “luz”, será possível que não recebemos nem um raiozinho ainda?

Bom, mas para receber, ter e ficar com essa tal “luz” somos notados anos e anos, temos que provar que aprendemos e sabemos, mas uma coisa que não gosto é ser boa em um ensino desses adultos e ruim em outros, gostaria que fosse equilibrado, mas comigo sempre haverá uma coisa que serei melhor que outra. Ser notada pode se transformar em uma humilhação para mim mesma, ou um elogio pelo meu esforço e com certeza me deixa feliz. Para mim ser notada é bom, e ao mesmo tempo um tanto estranho, porque ter alguém me notando, nos dois sentidos, a maior parte da vida, pode não parecer muito confortável ou até trazer uma pequena pressão. Estou agora, nessa época de ser notada ser avaliada e saber se aprendi tudo que tinha de aprender, não posso me esquecer que ainda tenho muitos anos para aprender mais e mais coisas diferentes; além de ser notada em lugares e pessoas diferentes, é, é bizarro.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A primeira aula de segunda-feira

      Uma aula que não me dou bem, uma aula que não tenho vontade de fazer, uma aula que me faz sentir um patinho feio, apenas uma aula: Educação Física...

Educação Física é uma aula tradicional para todas as escolas que passei, e sempre tive que faze-la. Quando era menor a melhor aula era Educação Física, afinal achava muito legal a classe toda sair da sala de aula e andar em conjunto até a quadra, nesse caminho me sentia em uma excursão, gostava de poder correr e brincar de jogos divertidos com toda classe, achava isso o máximo. Mesmo eu não sendo boa não percebia que estava errando porque não entendia o jogo. Gostava tanto de Educação Física que queria ter em todo momento, (parece até que era uma criança agitada mas, pelo contrário, só me agitava na aula de Educação Física) até que comecei a fazer Ginástica Olímpica (acho engraçado EU ter vontade de fazer isso), então foi aí que descobri o que aquela aula realmente era. No começo das aulas de Ginástica Olímpica, ficava feliz de ficar depois da aula para me divertir fazendo ginástica, mas não; não foi nada disso. Comecei a perceber que tinha dificuldade para fazer alguns exercícios e isso já foi me deixando um pouco desanimada, o pior de tudo era fazer: “A estrela”. A estrela era algo lindo para mim e assustador ao mesmo tempo. Não sabia faze-la e tinha medo de, quando colocasse meus braços no chão para jogar meu corpo para frente, perder as forças nos braços e cair de cabeça. Claro que quando era menor não conseguia pensar nisso tudo, então era um medo que não conseguia explicar. Parei de fazer Ginástica Olímpica, por perceber que não era um jogo, e que não era divertido. Na minha próxima escola também tinha a tal Educação Física, e era a aula preferida de toda classe, praticamente. Eu já estava com um pé atrás com essa aula, não estava tão feliz em começar a fazer, mas a energia da classe e a animação era tão grande que eu acabou me contagiando,  então tudo começou de novo; eu, Júlia, no meio de crianças sorridentes, jogando bolas e correndo pela quadra, aparentemente feliz. Essa ilusão aconteceu no 4º ano, me considero pequena nessa faixa etária, e fácil de me enganar em certas coisas, como com a Educação Física. Mas então finalmente cresci e fui para o 6º ano com aquele ar de confiança e de dona da minhas decisões, mas não. Tudo mudou quando comecei a ter minhas primeiras aulas de Educação Física no FII, não eram tão alegres assim, não eram tão divertidas assim, não era o que eu esperava. Na primeira aula de toda segunda-feira ele me esperava, me esperava sempre parado no mesmo lugar, parecia cada dia ter crescido mais e o desafio ter aumentado para a pequena Júlia, ele era: “O plinto”. O plinto sempre foi meu maior desafio de todos os tempos, um objeto grande que é divido em gavetas de madeira empilhadas umas sobre as outras, tendo na última gaveta uma almofadinha para “não se machucar” (nunca acreditei naquela almofadinha meia boca).  Na primeira aula de segunda-feira, Educação Física, trabalhávamos com o inimigo, com o não amigo, com o pior amigo, sim, é ele: novamente o plinto; nossos exercícios eram saltos feitos por cima do plinto, e  aquela não confiável almofada azul. Fazíamos filas enormes parecendo até que íamos fazer ou ganhar alguma coisa ou sentimento divertido com aquilo, mas não. Eu, no meio daquela fila, suava frio e tremia dos pés a cabeça (me deixando mais fraca para pular um plinto), movimentava os dedos das mãos para tentar me enganar de que o inimigo não estava perto, mas não adiantava, via as pessoas pulando e sabia que a minha vez ia chegar e não poderia escapar, o professor observava nossos saltos com a maior calma do mundo e atenção, não poderia simplesmente passar reto. Vocês devem estar pensando que quando pulei o plinto bati a cabeça, cai, morri, não sei, qualquer coisa ruim devem estar pensando que irá acontecer, mas não... apenas morria de medo dentro de mim, e por fora um sorriso tentava mostrar a “não preocupação” que não existia. Agora estou no 8º ano e fico feliz de não ter NENHUM encontro com aquele não amigo. Não pense que acabou, pois nos jogos... xi, eu não tenho habilidade nenhuma. Mas fico feliz de ter encontrado a yoga e o vôlei na minha vida, eles me fazem sentir melhor, vôlei é um jogo que gosto, me sinto bem jogando, e me divirto; a yoga, ah... a yoga... essa acho que me identifico também, apenas acho porque comecei a praticar há pouco tempo, mas eu acho muito legal, porque é mais para treinar a nossa concentração com o nosso próprio corpo, seja meditando ou fazendo exercícios. Gosto de fazer algo mais calmo, longe desse não amigo e desses pulos inimigos.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Formigas

– Mãe. Você já percebeu isso?
– Isso o que?
– Das formigas. As formigas do banheiro são individualistas.
– (risos) E porque acha isso se nem falou com elas?
– Comparei elas com as da cozinha, pois elas gostam de se comunicar e       conversar comigo.
– Ah é? E como descobriu isso?
– Quando fui no banheiro lavar minhas mãos, logo vi na pia três formiguinhas. Elas pareciam reinar no banheiro, olhavam para mim não entendendo como pude ter passado pelo guarda que ficava na porta, e até mesmo pelos ninjas que ficavam no teto esperando o inimigo.
– Elas tem um exercito e tanto em? Como é que você conseguiu passar?! (risos)
– Eu também não sei, mas eu fui mais ninja que os ninjas que me esperavam!
– Como você sabe? Vai que você não era o inimigo das formigas, filha!
– Ah não, isso que não tenho dúvida, tentei segura-las no meu dedo para explicar que elas precisavam de um novo segurança (os ninjas não podiam dar conta do papai sozinhos), mas nem nesse ato de ajuda elas nem ligaram, não subiram de jeito nenhum, colocava o dedo na direita na esquerda e elas não subiam para nós conversarmos no meu escritório, e ter uma aliança.
– Então elas não querem sua ajuda só querem um trabalho individual delas, entendi, mas não liga! Vamos sair e comprar um chocolatinho?
– Eu adoro chocolate mãe, mas acho que não posso aceitar...
– E porque não?
– Agora tenho aliadas... As formigas da cozinha fizeram um trato comigo (para isso elas subiram educadamente no meu dedo), e acabou ficando um trabalho em grupo.
– (risos) E que trabalho é esse?
– O exercito que carrega as migalhas de pão, acaba se distraindo e invadindo os nossos doces daqui de casa, isso atrapalha o trabalho deles e os meus doces, combinei que não trazer mais doces para casa, aliás o ogro do exercito deles tem uma loucura é quer pegar tudo que é doce...
– Ogro? Eles tem até ogro? Porque um ogro?
– Mãe! Vocês adultos não param de fazer perguntas, porque sim!
– “Porque sim” não é resposta!
 

terça-feira, 3 de março de 2015

Camila corredeira

 
Eu nunca entendi o nome dos objetos! Para mim é tão difícil entender o sentindo do nome “travesseiro”, por que não “apoiador de cabeças”? Como é que a pessoa que nomeou o travesseiro de “travesseiro” fez? Será que simplesmente olhou e pensou: “huum, isso tem uma cara de travesseiro...” acho bem difícil, já teria que ter outro travesseiro para dizer que ele tem um travesseiro. O pior é que quando começo a pensar nisso não paro rápido, cadeira não seria mais simples “sentador”?, cama combina melhor com “deitador”, seria mais fácil de dar esses nomes do que pensar dias ou até anos para descobrir um nome que não combina com o uso do objeto, e se combinar só os latins entendem, talvez tenha vindo de lá uma dessas palavras.  Os nomeadores dos objetos podiam pensar no verbo que cada objeto usa, por exemplo “secador”, essa pessoa que deu o nome nem deve ter demorado! Afinal se é algo de secar é um “secador”! Por que não é assim que todos os nomes dos objetos são dados? Talvez o nomeador da cadeira, era casado com a Camila Corredeira. De tanto sua mulher correr, o futuro nomeador entregou um presente a ela para descansar depois de correr tanto, mas não tinha o nome. No meio de um romance com o presente nas mãos e a mulher da sua vida, esperando que ele diga algo ao entregá-lo, o encara esperando o romantismo e a delicadeza com ela. Ansiosa e nervosa pelo moço não dizer nada, o rosto caiu desanimado e se fechou, nesse momento de vergonha saiu espontaneamente uma ideia: “Camila Corredeira aqui está a sua cadeira!”, o sorriso no rosto de Camila abriu, agarrou a “cadeira” pelos pés e a encaixou do lado do telefone. Desde então Camila, que tanto corria, não parava de fazer ligações avisando que o marido tinha dado a ela uma linda “cadeira” vermelha e florida, espalhando o nome criativo do objeto dado pelo marido para todos da Vila! Talvez assim começou a história de “cadeiras”! A do travesseiro talvez um cachorro... é melhor nem começar senão não paro mais! Mas mesmo com uma grande imaginação se armando para tentar achar a história mais convincente para o nome de cada objeto, nada me convence o porque dos motivo desses nomes!
 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Lira da Vila


 Fevereiro é carnaval, e no meio de toda essa felicidade  e folia, eu tento me concentrar em achar uma crônica certa e que me agrade para escrever e postar no blog, queria uma crônica gostosa de ler e que desse vontade de escrever. No meio do bloquinho de carnaval, Lira da Vila que sai com meus pais, só observava todas pessoas perto e longe de mim, não queria ser uma menina assustadora com um olhar calmo que olha para tudo que uma certa pessoa faz, (eu ficaria assustada) mas tentava ser mais discreta possível, olhava bebês com seus braços balançados pelos pais, mulheres pulando e homens cantando, me sentia em outro mundo no meio da folia do bloco, parecia não me encaixar muito bem, não sentia vontade de pular, dançar nem cantar, mas mesmo assim gostava de está ali procurando alguma coisa legal para escrever.
A falta de pulo e exercícios durante a caminhada do bloco me deixava um pouco cansada, o pescoço cansado de segurar a cabeça e os braços preguiçosos para continuar o balanço, para aliviar levo meus braços junto ao meu peito e os cruzo, do meu lado esquerdo uma grande folia e no meio dela um destaque! Uma mulher que pula, roda, e brinca com todos, com uma máscara no rosto não sei dizer sua expressão nem olhar, mas tinha certeza que era animado, a moça leva crianças ao seu colo, abraça amigos e tira fotos do bloco, seus passos vonduzidos pela dança levam ela pra perto e mim, percebo pelo canto do olho que ela me olhava, parece até desanimar ou não gostar de ver no meio de tanta diversão uma menina parada com os braços cruzados, já estava esperando ela pegar meus braços e balança-los, ou até mesmo me perguntar o que eu estava fazendo em uma festa com tanta desanimo, ela foi se aproximando, meu olhar se perdia pelo chão não deixando que a troca de olhar com a moça acontecesse, a mulher então chegou e esbarrou em mim, seu braço encostou no meu ombro, olhei para ela preparada para dizer: “ não foi nada” , mas isso não aconteceu, a mulher tirou a máscara, ameaçou dizer algo sério e então desistiu e sorrindo de orelha a orelha cantava: “olha a cabeleira do Zezé”.
Um fim muito certo não consegui achar para a crônica, pois depois a mulher continua a dançar e conversar com todos, eu fui apenas mais uma das pessoa que ela compartilho a sua alegria, e que com certeza também ficou mais animada para o carnaval.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Fome



Ah fome! Como ela me incomoda em horas erradas... E acho que não sou a única, já ouvi várias denuncias para esse maldito monstro que arranha e remexe minha e sua barriga. Às vezes no meio daquela aula mais interessante, eu já começo a sentir o chato me perturbar, remexe enrola e ainda desconfio que ele tem de comer os restinhos do meu abastecimento que me sustenta para poder ter força e disposição para continuar a ouvir, falar e prestar atenção, mas ele não tem dó nem piedade, você é quase obrigado a ceder toda a sua disposição apenas para abastecê-lo, como um carro sem gasolina, um E.T sem comida etenáltica, uma fruta sem semente, é tudo sem nada! E isso é o que mais me faz pensar, e perder a atenção na aula, no cinema ou no teatro, sempre em lugares onde não posso acabar com aquela maldita fome. 
O relógio é o mais olhado e admirado a cada segundo que ele marca, a angústia sobe e começo a me preocupar, “prestar atenção é essencial agora, vai ter prova, trabalho, e várias lições relacionadas a isso, tenho que prestar atenção!”, e a cabeça começa a viajar na maionese, realmente na maionese, naquela fruta preferida, lanche, ou almoço, parece ser um animal irracional apenas faminto, fora de si, e aquilo piora a cada minuto, tudo ao seu redor é menos importante que o monstro que ataca por dentro me obrigando a fazer expressões horríveis por fora! Até que o esperado sinal toca, minha feição relaxa por poder abrir a lancheira e dar um mordida na doce maçã, que eu e meu monstro esperávamos.